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Pedro Moreira, CEO i-charging: “Pretendemos ser vistos pelo mercado como referência”

Startup portuguesa aposta na inovação e qualidade dos carregadores como diferenciais para conquistar mercado global

Na transição dos veículos a combustão para elétricos, um elemento é fundamental: sistemas de cargas. É preciso garantir aos novos consumidores disponibilidade de pontos, facilidade de uso e acessibilidade em custos. Demandas criadoras de mercado bilionário. Com projeções de crescimento exponencial para os próximos anos. A fim de entender o cenário, os desafios, e o futuro das cargas no ecossistema de veículos elétricos, Zev.News ouviu Pedro Moreira, CEO da i-charging. Fundada em 2019, a startup sediada na cidade do Porto, Portugal, possui produtos e soluções em todo o espectro dos sistemas de cargas. Do carregamento doméstico com a linha Fill@, até cargas rápidas com os produtos blueberry. Compreendendo ainda painéis solares, storage e software. Que condensam a proposta de valor da i-charging: inovação, qualidade e design como diferenciais.

 

Zev.News – Pedro, quando e como surgiu a i-charging? Quero dizer, quais oportunidades vocês identificaram que justificavam a criação do negócio?

Pedro Moreira – A i-charging foi criada em 2019 por um conjunto de pessoas que tinham experiência em gestão de empresas tecnológicas e em mobilidade elétrica. Achamos que poderíamos trazer novas abordagens à infraestrutura de carregamento que se diferenciem das soluções já existentes. O nosso profundo conhecimento das tecnologias e do mercado, e a certeza de que poderíamos propor soluções disruptivas, nos deu confiança para avançar. E conseguimos reunir um conjunto de colaboradores de excelência e com experiência no setor.

 

Zev.News – Chama a atenção a gama de produtos e soluções oferecidos pela i-charging. Há carregadores, storages, painéis solares e soluções em software. Qual o maior desafio para tornar estas tecnologias produtos?

Moreira – A i-charging desenvolve e produz soluções de hardware e software para o carregamento de veículos elétricos, e incorpora produtos de parceiros em energia solar e armazenamento. A passagem da tecnologia à produto está em nosso DNA, pois é o que sempre fizemos. O maior desafio é criar produtos que sejam aceitos pelo mercado, no nosso caso, não pelo preço, mas pela diferenciação.

 

Zev.News – Ao projetar os carregadores, quais as prioridades pensando nos clientes: praticidade no uso, preço final, facilidade de instalação, etc?

Moreira – Os fatores que enumera são importantes, mas as funcionalidades inovadoras também são, bem como design e o patamar de qualidade e sofisticação. A i-charging pretende ser vista pelo mercado como uma referência, e não apenas mais um fabricante sem diferenciação.

 

Zev.News – Atualmente, no que se refere aos carregadores, como está a operação da i-charging? Quais mercados tem presença?

Moreira – A i-charging é uma empresa nova, que apenas agora lança as suas primeiras gamas de produtos. Mas o nosso mercado alvo é global.

 

Zev.News – Infraestrutura de cargas é crítica para adoção dos veículos elétricos. Gostaria de saber sua visão sobre o tema… Quais estratégias podem ser adotadas para implementação? Governos assumindo o investimento em infraestrutura como política energética? A iniciativa privada atuando conforme a demanda do mercado? Uma combinação entre ambos?

Moreira – O investimento necessário é gigantesco. Necessitará forte apoio público nos primeiros anos. No meu entender, os poderes públicos devem assumir a mobilidade elétrica como fundamental na sua politica energética. Mas na minha opinião, funciona melhor em longo prazo apoiar o mercado do que o estado assumir ele próprio a construção e exploração da infraestrutura. Penso que assim mais depressa se chega a uma fase madura em que essa atividade se torna atrativa para os investidores sem ajuda dos incentivos.

 

Zev.News – Hipoteticamente, qual seria a divisão entre carregadores rápidos e normais para a infraestrutura de uma cidade?

Moreira – Há vários estudos sobre essa divisão e não há um número mágico que funcione para todas as situações e geografias. A maior parte dos carregamentos dos veículos leves se faz hoje em carga lenta, e na maioria em locais privados. Essa situação se manterá no futuro, embora não tão acentuada, pois haverá mais utilizadores que não conseguem carregar em casa ou no local de trabalho, e por isso usarão carga rápida mais vezes. Por outro lado, a carga rápida que hoje é majoritariamente pública vai expandir-se para carregar frotas de diferentes entidades, com destaque para os transportes públicos, em locais privados.

 

Zev.News – Apesar do range anxiety (receio da autonomia por falta de carga), na média, creio que hoje a maioria dos carros ofereça autonomia de sobra para o dia a dia. A maturidade dos motoristas quanto ao uso do carro elétrico otimizará o uso da infraestrutura?

Moreira – Sim, os quatro fatores mais citados nas pesquisas como bloqueio para os consumidores não optarem por veículos elétricos são a sua percepção sobre o preço, a autonomia, a diversidade de modelos à escolha e a pouca infraestrutura existente. Nem sempre essas percepções correspondem à realidade. No nosso caso damos nossa contribuição no que se refere à infraestrutura.

 

Zev.News – A i-charging também possui no portfólio de produtos painéis solares e storages (armazenadores de energia). Como a i-charging vê estes produtos integrando-se aos carregadores a fim de entregar energia ainda mais limpa?

Moreira – A mobilidade elétrica faz mais sentido quanto mais limpa de emissões for a energia elétrica usada. Por isso faz todo o sentido para nós complementar o carregamento com soluções de geração de energia e de armazenamento, que podem estar associadas ou não à mesma instalação onde estão os carregadores. Por exemplo, nós oferecemos inversores para grandes parques solares, que injetam energia limpa na rede elétrica.

 

Zev.News – Pedro, muito obrigado pela atenção. Para fechar: quais os objetivos e metas da i-charging para os próximos cinco anos?

Moreira – A nossa visão é sermos reconhecidos como uma referência no nosso setor, e para isso pretendemos estar presentes no mercado global. O Brasil é um mercado alvo para nós de uma forma muito natural.  

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